segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Paisagens Internas



Dos conceitos distorcidos eu sou o filho,
dos antagonistas vencidos eu sou o pai.
Sou a seita dos órgãos transplantados,
levedo dos pensamentos inacabados.

Sou o tempo do teu próprio tempo,
Senhor do teu esquecimento!
Sou a sombra que invade,
sob a luz que se expande...

Fui concebido pela boca do covarde
e abortado pela glória do valente.
Das estrelas sou a constelação,
dos inertes sou a consternação...

Meu nome são todos os nomes,
sou a cegueira nos olhos dos homens.
Tempestade que precede a calma,
sou o solstício que anoitece a alma.

E muitos me têm por presságio...
Navegantes à deriva em seu próprio naufrágio.
Sou a indefinição da teoria,
Plano de fundo da sabedoria.

Ao fim, sou o tudo e o nada!
Como uma paisagem desbotada...
Fecho os olhos enquanto lamento,
essas tantas palavras jogadas ao vento.

Antônio Piaia

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