sábado, 16 de outubro de 2010

Elegias Para Uma Criança Morta

Ao fim,
quando vem a morte acariciar o descontentamento,
num soluço materno se enraíza o pranto já sem lágrimas,
sem qualquer albumina coagulável por esquecimento...

Rogo, mais é pela mãe que a carrega nos braços,
pesados braços, caídos braços, já sem abraços...

Permitiu-se o sol, sob custódia lúgubre, anuviar-se...
Pois a ânsia divina veio em forma de garoa,
chorar por esta criança morta.

Há de amadurecer, esta criança morta,
no fruto de uma figueira...
Há de derramar no céu, esta criança morta,
no vôo da Cotovia que lhe roubar o figo...

Rogo, mais é pela mãe que a carrega nos braços,
pesados braços, caídos braços, já sem abraços...

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Angst



Interessante como o medo ocasionalmente ocupa o espaço da possibilidade, interessante como a imaginação ao mesmo tempo que permite, prende... No mínimo dos mínimos, interessante.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Soneto De Um Carnaval Perdido




Ainda floresce em mim a geratriz de uma noite carnavalida,
junto dela, o sentido de um valor que se perderá no tempo...
É certa a intermitência regente que aguça a paixão já vivida,
todavia, é mais certa a inquietude acerca do inesperado sentimento.

Pois sim, se o encontro da carne com a alma precede a despedida,
pífio e com o melodrama que me resta, inclino-me ao não-beijo que pedi.
Já que sou desses de preservar os sabores para o momento da partida,
faço da sedução o dom maior que se desmancha no corpo que perdi...

Por que vens a mim com ares de melancolia e falta?
É pra fazer-me recear a promessa de um samba que não foi?
É pra recordar-me da distância, enquanto a noite segue alta?

Talvez eu busque respostas nas cartas de tarot...
Pois nesse singular carnaval de meu coração,
eu não sei se sou Harlequim ou se sou Pierrot!


Antônio Piaia

Piaia, O Retorno!


Então Caro Leitor, depois de certo tempo afastado, retomo as atividades... Existe um período onde toda a criatividade finda, onde a palavra se ausenta, mas ainda que assim pareça, nem tudo é perdição! Vem a inspiração quando menos se espera, vem como um copo cheio matar a sede do exaurido poeta!

Ela, a inspiração, encontra-se nas coisas mais casuais, nas coisas mais banais, não coisas que para serem já basta a pretensão do vir a ser.

Sejam bem-vindos.