Se te insinua, desperta ainda mais o meu instinto...
Pra depois me deixar assim, tão cheio de pecado,
Tão inebriado de luxúria, tão escravo do que sinto.
No meu corpo só, a delicada embriaguez do corpo teu.
E no crespo de teu cabelo o nó que me trava a garganta,
Permitiu-se a pele negra arrepiar, num derradeiro suspiro meu...
Sobre a encosta do seio macio. Às margens do toque sutil,
Correu o suor que levara o arder do aconchego teu...
Acabou-se por refém da libido em um beijo febril.
Se te navego é pra depois me desaguar em teu sorriso acanhado;
Que se mostra de lado, por debaixo de teu corpo faminto,
E tuas pernas tremem aos passos de um tango desafinado...
Vem desse teu silêncio gemido uma vontade de gritar...
Se hoje me maltrata é pra amanhã me seduzir,
Se agora me abandona é pra depois me conquistar.
Antônio Piaia