sábado, 29 de maio de 2010

Atos Indizíveis

Se soubesses o quanto te desejo, se soubesses o quanto imagino...
Perderia meus pudores se por uma noite estivesse ao teu lado
Bem sei que me envolveria nos profanos odores de teu corpo
Como abelhas às flores.

Beijaria tua boca com cumplicidade de marido e mulher
Fecharia meus olhos a deter-me no pulso de teu pescoço
Com minhas mãos certeiras, vislumbraria teus ímpios seios
Como um filho à mãe.

Deixaria escapar a pior parte de mim e como um antropófago
Alimentaria-me de ti, devoraria tua carne e tua alma
Com rispidez e suavidade, redesenharia teus traços corporais
Como o artista à escultura.

Respeitosamente, te ofertaria meu corpo para que sentisses meu gosto
Acompanharia teus movimentos cardíacos com minha respiração [ofegante]
Com minha boca amarga e seca, me afogaria sem remorso em teu útero
Como o náufrago ao oceano.

Confortavelmente me instalaria dentro de ti, até o fim da noite
E juntos seriamos um; amálgama de suores, sentidos e ressentimentos
Derramaria em ti a veracidade de meus profanos [ingênuos] desejos
Como Deus a criação.

Te beijaria a testa, ascenderia um cigarro e iria embora.
[Se soubesses o quanto te desejo, se soubesses o quanto te imagino...
jamais tocaria minha mão com intenções banais]


Antônio Piaia