quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Soneto De Um Carnaval Perdido




Ainda floresce em mim a geratriz de uma noite carnavalida,
junto dela, o sentido de um valor que se perderá no tempo...
É certa a intermitência regente que aguça a paixão já vivida,
todavia, é mais certa a inquietude acerca do inesperado sentimento.

Pois sim, se o encontro da carne com a alma precede a despedida,
pífio e com o melodrama que me resta, inclino-me ao não-beijo que pedi.
Já que sou desses de preservar os sabores para o momento da partida,
faço da sedução o dom maior que se desmancha no corpo que perdi...

Por que vens a mim com ares de melancolia e falta?
É pra fazer-me recear a promessa de um samba que não foi?
É pra recordar-me da distância, enquanto a noite segue alta?

Talvez eu busque respostas nas cartas de tarot...
Pois nesse singular carnaval de meu coração,
eu não sei se sou Harlequim ou se sou Pierrot!


Antônio Piaia

3 comentários:

  1. Belo lirismo meu amigo... talvez a beleza do "carnaval" seja justamente por ele nao ser o ano inteiro...
    Ah! essa eterna incompletude que é parte de nós...

    ResponderExcluir
  2. É triste a despedida nessas ocasiões... Você escreve muito bem. Gostei do teu modo de se expressar.

    ResponderExcluir
  3. Grato pelas elogias meu caro amigo! Seja bem-vindo!

    ResponderExcluir