segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Finitude do Ser


Porque um dia hão de enterrar-te,
Sob a espessa camada do esquecimento.
A silenciosa ramagem fria será o alento,
Mais nada haverá de sobrar-te.

Tecerás uma coroa com raízes e cabelos.
Sobre a tua face sementes germinarão.
E no vão da memória, paradoxalmente,
As flores no teu peito murcharão.

Em teu corpo, sinta o peso da mortalha.
Como um berço, afunda-te no seio da terra
Aceita o destino dos homens, amigo.
E faça da vida uma fantástica sala de espera.

Carlos Quadros

Um comentário:

  1. Um belíssimo poema meu caro! como já te disse seus poemas são muito bem achados. É deveras interessante questionar-se sobre nossa finitude, talvez seja uma tentativa de auto-sabotar nosssa felicidade, mas ainda sim acredito ser um questionamento pertinente tendo em vista a nossa invariável finitude. Sempre é doloroso pensar no fim, a dor da perda é sempre a que mais marca, ainda mais no que se trata da própria vida, onde o ser humano passa a sua pequena eternidade tentanto satisfazer os sentidos, e parecer que a aproveitou bem o tempo. Mas o que é o tempo para que eu o aproveite? perguntou Àlvaro de campos, talvez: mais valha arrumar a mala, como disse o mesmo em um dos seus poemas!

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