domingo, 8 de junho de 2014

O Vazio Absoluto

O Vazio Absoluto

Inquestionável é a finitude de todas as coisas,
tudo que um dia foi matéria e hoje nada mais é.
Tudo que se desfaz diante da minha retina,
tudo que se desfaz dentro de meu peito.

E eu, que já não sou.
Sinto muito quando nada sinto,
e nesse vazio absoluto me dissolvo,
morro e renasço incontáveis vezes durante o dia.

Questionável, sobretudo é como findam todas as coisas,
e ao falar sobre a finitude do ser
meu intuito não é banalizar a vida,
é, tampouco reverenciar a morte.

Trago comigo os fantasmas das vidas passadas,
fidalgos, mascates, escravos e mercadores...
Todos fomos e todos findamos.
Fadados ao eterno esquecimento e ao silêncio supremo.

[Adiante...] Vi um cortejo fúnebre.
Não conheci o finado, nunca soube se fora amado...
Não me comovi, mas por respeito repousei o chapéu sob o peito,
Fechei os olhos, não para orar, mas para ouvir o preságio.

[Inverdade.] Quis ouvir a mim mesmo...
E ter a certeza de que também serei esquecido,
Que terei meu corpo corroído.
Meus ossos reduzidos a pó.

Já não temo o findar.
Ainda que não o clame, anseio pelo dia em que virá...
Então saberei o a seguir de meu último instante,
e isso há de ser o suficiente para seguir adiante.

Por isso rogo, não chores a cada partida minha,
pois é de minha natureza morrer e renascer...
E quando fechares teus olhos, ouça o teu silêncio,
encontra-te no abismo das coisas esquecidas

Eu estarei lá.
De uma forma ou outra, eu estarei lá...
Como nunca estive aqui. E nesse dia,
Todo esquecimento retornará em forma de lembrança,
E eu hei de me tornar a luz da tua esperança.


Antônio Piaia

3 comentários:

  1. Amei principalmente os dois últimos parágrafos/estrofes (não sei ao certo qual palavra usar)
    :)

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  2. Amei principalmente os dois últimos parágrafos/estrofes (não sei ao certo qual palavra usar)
    :)

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