Não se esqueça de secar a barba, sempre que a colocar de molho,
É pra evitar o fungo do fumo, o cheiro azedo do trago casual.
Não se esqueça do pente fino, que separa a retina do olho,
É pra lhe colocar a par do homem que é ainda neandertal...
Não se esqueça de secar a barba, sempre que lavar o rosto,
Pois se é na face que se estampa teu porta-estandarte.
Deixais crescer a barba em sinal de luto ao desgosto,
Ao gosto da origem lamacenta que busca refúgio na arte.
Não se esqueça de secar a barba, e saiba de todo o mal:
- Ainda que na cara a vontade de crescer, o cabelo cai,
Levando com ele o satélite orbital da lucidez mental...
Vai te sobrar a fuligem branca que no queixo se esvai.
Não se esqueça de secar a barba; e saiba a vida é uma escada,
Que na morte encontrou a sua sorte... Deixais crescer a barba,
Pois é ela que protege a face nua do tapa certeiro da mão pesada.
Regue as plantas e nunca, nunca se esqueça de secar a barba...
Antônio Piaia
Quem disse que para os poetas nao existe telepatia?
ResponderExcluirA telepatia é um satélite que faz ficção científica na cabeça do poeta!
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