quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Oceano


No fundo do mar ainda pude ver o céu,
Contemplar mais um sublime entardecer,
Esperando a morte tecer o seu próprio véu,
Afogando-me na agonia do anoitecer.

No fundo do mar, boiando entre os corais,
Eu, homem-peixe, prefiro morrer despedaçado,
A passar a vida entre os homens normais.
E o corpo que respirava, deixo no passado.

No fundo do mar, das sereias provarei o fel,
Que me privaram até o dia de morrer,
No fundo do oceano me desfaço deste anel...
E deixarei as algas assistirem meu corpo apodrecer.

No fundo do mar, de onde fugirei jamais,
Lamento infinitamente por tê-la magoado...
Compenso tua dor com minhas palavras finais,
As que deixei em tua cama, antes de morrer afogado.


Antônio Piaia

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